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Enquanto há dúvidas sobre a eficácia do cloro na água para matar o coronavírus, existe convicção de que o distanciamento entre os frequentadores é necessário
Com a flexibilização das restrições para a operação de clubes e áreas comuns em condomínios, além da proximidade da chegada dos dias mais quentes, surgem muitas dúvidas em relação ao risco de infecção por coronavírus durante o uso de piscinas para lazer ou prática de exercícios.
É possível pegar coronavírus pela água da piscina?
Alexandre Zavascki explica que o cloro diluído na água tem a propriedade de inativar diversos vírus, mas ainda não estão definidas, de acordo com a literatura científica, as especificidades em relação ao coronavírus, como a concentração necessária da substância conforme a quantidade presente de partículas virais. Em teoria, o cloro colocado na água é capaz de inativar o Sars-CoV-2, mas mais detalhes deverão surgir em pesquisas futuras.
Para Andrea Dal Bó, a água da piscina não apresenta risco. Engoli-la, comenta a médica, também não fará com que a pessoa se infecte.
— É diferente de algumas bactérias que persistem na água e causam diarreia — exemplifica a infectologista.
Muda algo na limpeza da piscina?
Cloro basta, afirma Andréa.
Uma pessoa com covid-19 pode contaminar outras dentro d’água?
Sim, por meio das gotículas expelidas pela fala e ao tossir ou espirrar. Quem estiver sintomático não deve frequentar esses espaços. Zavascki alerta que é muito importante manter a distância mínima entre pessoas dentro da piscina, com exceção para integrantes do mesmo grupo de convívio diário.
Quais os cuidados necessários para a utilização de piscinas em clubes, hotéis e condomínios?
O grande desafio é manter o distanciamento dentro d’água entre os banhistas, diz Zavascki. Para diminuir o risco de transmissão nas áreas comuns e de circulação, é fundamental limitar o número de pessoas e oferecer a possibilidade de marcação e reserva de horários. Se houver como delimitar áreas para grupos, melhor. Sinalizações no chão e cartazes informativos são essenciais. Funcionários que possam orientar os frequentadores também ajudam muito.
Para quem estiver tomando banho de sol, Andréa indica distanciamento e uso constante de máscara (como alternativa, Zavascki sugere que a pessoa não fale quando estiver tomando sol sem máscara, se quiser evitar possível marca no rosto). A infectologista também recomenda que cada um faça a higienização das cadeiras e das mesas, antes e depois do uso, não ficando dependente da limpeza realizada pelos funcionários.
— Temos que ter consciência de coletividade — justifica a médica.
Piscinas térmicas devem ser evitadas — ambientes fechados e úmidos têm mais aerossóis (micropartículas expelidas pela pessoa que ficam mais tempo suspensas no ar). Em piscinas abertas, além da circulação de ar, há a incidência de sol, que desidrata as gotículas com vírus.
O ideal, frisa Zavascki, é que apenas os núcleos familiares que coabitam fiquem próximos:
— Fora desse círculo, deve-se manter as medidas de total distanciamento.
Quais cuidados devemos tomar com as crianças na piscina do condomínio?
Crianças devem brincar apenas com quem convivem habitualmente. Ou seja, não é seguro convidar os primos e os amiguinhos que estão há muito tempo sem contato presencial. Quando elas saírem da água, devem enxugar bem o rosto e colocar máscara, indica Andréa.
Como utilizar corretamente a máscara?
Em um ambiente úmido, a máscara não funciona porque fica molhada. Quem fica na beirada da piscina para cuidar das crianças pode inutilizar o acessório devido à agua que respinga. Sob calor, o suor também umedece a máscara e a torna ineficaz. Certifique-se de levar outras, limpas, para as trocas.
E quanto às piscinas de plástico?
Cuidado com a aglomeração. Por ser um espaço menor, fica mais difícil conseguir manter o distanciamento adequado. O ideal, portanto, é que apenas pessoas habituadas ao convívio permanente compartilhem o banho.
— Piscina de plástico tem que ser para o grupo familiar que reside no mesmo domicílio — detalha Andréa.
Há riscos na prática da natação em piscinas ao ar livre?
Ainda não há evidência científica a respeito, comenta Zavascki, porque esses cenários ainda não foram muito testados, mas se pode supor que ter contato com partículas de saliva contaminadas maiores e mais espessas ofereça mais risco de infecção. O mesmo vale para a secreção nasal. No caso da natação, é recomendável manter raias vazias na piscina para aumentar o distanciamento entre os praticantes.
Quem assoa o nariz ou cospe pode contaminar a água?
Sim. Quanto maiores as partículas virais (presentes em perdigotos e coriza, por exemplo), mais difícil a diluição delas na água.
Fonte: Gaúcha ZH