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Inadimplência determina forma da locação

Aluguel sem garantia aumentará o calote

A tecnologia seduz com facilidades rapidamente assimiladas pela população que, às vezes, não reflete sobre as inconsistências e falhas do novo serviço que lhe é oferecido. Esse fenômeno tem ocorrido com o mercado de locação de imóveis, especialmente diante da oferta aumentada pelo “boom” imobiliário – que terminou em 2014. Os engenheiros de computação, ao perceberem o desaquecimento da economia e o desemprego que atingiu 13 milhões – limitando a capacidade de pagamento dos pretendentes à locação –, criaram as “imobiliárias dos inquilinos”, que visam apenas ocupar o imóvel ao atrair quem não tem fiadores ou seguro fiança. Assim, a imobiliária virtual criou o “seu novo jeito de alugar imóveis”.meus clientes de 10 anos

Todavia, esses especialistas em tecnologia, que nunca advogaram na área imobiliária, ignoram que a inadimplência tem aumentado, pois 63 milhões de pessoas figuram como tal no cadastro da Serasa, as quais correspondem a 40,3% da população adulta. Somente na Vara especializada em Locações de Belo Horizonte, por exemplo, são distribuídas por mês mais de 200 ações. Agora, imaginem como crescerá com os inquilinos sem fiadores, que não terão constrangimento ao deixar de pagar os aluguéis e os danos do imóvel? Milhares de inquilinos só pagam para evitar perder a amizade dos parentes ou amigos que lhes prestaram fiança.

O mercado começa a reagir, e, em pouco tempo, os preços dos imóveis subirão bem mais que a inflação. Isso sempre acontece: o mercado é cíclico. Veremos locadores tendo inúmeros atritos com inquilinos e sem assessoria para renegociar – pois robôs e e-mails não funcionam numa discussão –, e haverá aumento dos processos judiciais com alto custo para o locador.

A demanda por imóveis crescerá com a melhora da renda e pelo fato de as pessoas mais jovens serem menos patrimonialistas, pois têm preferido alugar para ter maior mobilidade. O locador escolherá com mais critério o inquilino diante dos vários candidatos. Obviamente, não terá sentido abrir mão de fiadores ou de seguro fiança. Nessa hora, as imobiliárias virtuais perderão seu apelo porque os locadores mais preparados e inteligentes perceberão que elas não os protegem e só beneficiam os inquilinos. Basta vermos as ações de cobrança que o locadores, por não receberem dos inquilinos, são forçados a entrar contra a imobiliária virtual. Esta, em juízo, nega ser garantidora, alega que é mera intermediária e que simplesmente aproximou o inquilino do locador, nada mais!

Comparar a locação de um imóvel, cuja relação é patrimonial se prolonga por anos, com o pagamento de valores expressivos, com o uso de uber, se mostra absurdo, posto que no app o passageiro paga um valor irrisório e logo sai do carro, encerrando assim a prestação de serviços.

Nesse contexto, as questões atinentes ao tema “Os problemas no mercado de locações, as imobiliárias virtuais e condomínios” serão debatidas no dia 16 de setembro, às 19h, no auditório da OAB. Informações e inscrições no site da OAB-MG.

Fonte: JORNAL O TEMPO